segunda-feira, 13 de setembro de 2010


que a música fosse mais alta que as minhas vozes
maior que meus gritos
envolveria meu corpo fazendo-o nota, melodia
o pó metafísico
sentidos dissolutos em transcendental
ando com vontade de mijar contra o vento
gritá-lo na cara dos podres
vis, céticos de qualquer poesia
imundos a cada suspiro
estão, apenas
exalando o que não sentem
profetizam os olhos dos mortos
sintam o cheiro de mortos
vejam suas almas largadas no chão
acordaria-os a socos
punhos trazendo-os a algum lugar
veriam, por fim, o meu rosto
meus olhos cobertos do pó
veriam o rosto do mundo
a cera engolida, o gosto desperto
ouvidos abertos a faca
transposto o silêncio dos mortos
seriam ouvidas minhas vozes
e ao berro, acima da música,
mandá-los-ia todos para a puta que pariu

sábado, 11 de setembro de 2010

Insânia.

   Finalmente compreendo (e não um mero entendimento, mas uma compreensão latente) para que objetivos fixos, a longo prazo. O peso da vida ao acaso é aterrador;  massacrante pensar  que cada respirar te encaminha ao próximo e, pronto, está perdido.
   Viver com voracidade exige tumulto, dança aleatória de emoções. Multipolaridade. Em um único dia, alegria e tristeza extremas pulsam. Ardem.
   Cada segundo é vida inteira, cada desvio é possibilidade (única), é universo novo. Errar, titubear, ausentar(-se) é morte irremediável. Não há mais paciência, não se admite a espera. A ânsia pela intensidade traz inquietude, e até a paz (momentânea) é arrebatadora, consome, cansa.
   Preciso me concentrar em um único futuro e seguir(-lo) sem que o não-agir pareça-me desperdício ou desistência. Preciso que me digam “por aqui” e que me conduzam, como que no colo, fechando meus olhos e me tirando das mãos a pretensão do controle.
   Por favor, preciso descansar.