Meio de novembro. Uma
cobertura já enfeitada de natal pisca verde vermelho amarelo. A luz do poste
escorre pela chuva dentro de mim junto com o chope. Quatro e setenta, o chope.
Eu, que só tenho duas notas de dois para um possível assalto, fico devendo setenta
ao garçom. O assaltante que me desculpe, pago fiado. Fica justo.
Uma
nuca atraente.
Quem me expulsou de casa é a
vontade de engolir o mundo. De ser engolida viva, digerida. Ou de causar
indigestão.
A mão inclina o copo que
entorna na boca o chope gelado. Primeiro, espuma. Em seguida, o líquido
dourado. Lábios, dentes, língua céu da boca. Vai amortecendo, acolchoando,
preparando a cama, travesseiro, lençol, edredom. Escorre, depois, pela garganta
e dá conta do resto do corpo. Pijama de moletom.
Há quem prefira um
leitinho quente.