segunda-feira, 26 de novembro de 2012



    Meio de novembro. Uma cobertura já enfeitada de natal pisca verde vermelho amarelo. A luz do poste escorre pela chuva dentro de mim junto com o chope. Quatro e setenta, o chope. Eu, que só tenho duas notas de dois para um possível assalto, fico devendo setenta ao garçom. O assaltante que me desculpe, pago fiado. Fica justo.
    Uma nuca atraente.
    Quem me expulsou de casa é a vontade de engolir o mundo. De ser engolida viva, digerida. Ou de causar indigestão.
    A mão inclina o copo que entorna na boca o chope gelado. Primeiro, espuma. Em seguida, o líquido dourado. Lábios, dentes, língua céu da boca. Vai amortecendo, acolchoando, preparando a cama, travesseiro, lençol, edredom. Escorre, depois, pela garganta e dá conta do resto do corpo. Pijama de moletom.
    Há quem prefira um leitinho quente.