sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Em uma manhã de quinta-feira.


“I

Tudo o que é espontâneo é digno
por isso não alterei o verso acima
e nem alterarei sequer um ponto deste poema
Mas eis o que há de mais espontâneo
os pontos com que espaço estes versos
são aqueles com que espaçamos a vida.

Cada passo é uma vírgula
Um salto,
uma exclamação.
Pontuar é expor a alma da forma
mais cabível
Cabível não cabe nestes versos
Mas vide o verso 3

Acho que agora não sou sequer
                                 um travessão
Estou o espaço entre duas palavras
duas letras

Há um espaço entre as letras.

Ser é o estar pulsante
Agora, sou.
Sou de uma paz que agradeço por não ser
                                                               latente.

Acho que acabaram meus versos.


II

O absurdo de pensar que
enquanto atravesso este túnel
não penso em nada.


III

A beleza da vida ao acaso
vida improvisada
‘Vem comigo’

Já disse que toda espontaneidade é digna.

O espetáculo dos matizes dos gestos
renegando o protocolo,
o previsível,
o imprevisível articulado,
manipulado
Profanado.

Há um ridículo no jogo dos artifícios.


IV

Estou gastando minha poesia escrevendo
Vou guardá-la um pouco para viver.”

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